terça-feira, dezembro 30, 2008

E lá vem 2009 !

Que lindo, fogos explodindo, gente pulando onda, promessas, correndo a São Silvestre e fazendo planos pra 2009 !

Eu fiz algumas resoluções. E talvez a única que seja merecedora de algumas linhas neste Blog de fim-de-mundo (ou seria fimdemundo, depois da reforma ortográfica, ou seria hortografica ?) é a que vou comprar um telescópio.

Pois é. Amo astronomia, mas nunca tive um telescópio. As melhores observações que fiz foi com um teodolito do meu pai, que é agrimensor.

Mas acho que já passou do tempo de ter um. Agora que sei fotografar ...

Além disso, minha filha mostrou um certo interesse no céu. Com sua vasta experiência de três anos de idade, já sabe o que são planetas e o que são estrelas. E sabe que Saturno tem anéis.

Já tá bom, é mais que muita gente sabe.

Então acompanhe aqui as aventuras na aquisição de um telescópio por um Fisico a beira de um ataque de meteoros ! :)

sexta-feira, setembro 19, 2008

Eu odeio fisica (PARTE I)

Calma, calma. Não pirei. É que esta frase é muito falada e muito ouvida, principalmente por quem ama fisica, como eu.

Sempre que digo que sou formado em fisica, ou que sou fisico, ouço a frase - "EU ODEIO FISICA!".

Deve existir em algum lugar nos direitos humanos o direito fundamental de odiar fisica e de dizer isso em público.

Vejamos, vejamos. Existe uma comunidade no Orkut com 12.400 membros aproximadamente, com o título "Eu odeio Fisica". Existe outra com título parecido que agrega cerca de 4.400 odiosas pessoas.

Odiar quimica não é tão popular, a maior comunidade "Eu odeio Quimica" tem 8600 membros e olha que "Eu odeio Quimica" é titulo de uma música de Hebert Vianna e Renato Russo, música alias que teria promovido a separação da dupla de compositores.

Mas nada, nada nas salas de aula é mais odiado que matemática com mais de 250.000 membros.

A comunidade "Eu odeio" mais popular, incrivelmente é a "Eu odeio gente lerda" com mais de um milhão de membros.

Nossos amigos gringos não odeiam tanto assim. Pelo menos, não no Orkut. "I hate physics" tem pouco mais de dois mil membros, enquanto matemática tem pouquissimas pessoas.

Ironicamente, "EU AMO FISICA" tem fiéis 16.000 membros, o dobro dos que odeiam e quem ama matematica são 78.000 na Internet.

Em próximo POST filosofaremos porque as pessoas amam tanto odiar fisica !

A volta ao mundo em 89 dia (de verdade) !

A noticia tá aqui: http://viagem.uol.com.br/ultnot/2008/09/18/ult4466u404.jhtm

Um brasileiro percorreu a distancia de 11 mil kilometros em 89 dias, entre Portugal e Nova York em 89 dias, sendo homologado seu recorde como a volta ao mundo de moto mais rápida já registrada.

Já mostrei aqui que velocidade média de uma volta ao mundo é zero, mas vamos considerar que o carinha andou em linha reta 11.000 km em 89 dias direto. Qual a velocidade média ?

89 dias = 5340 horas, portanto a velocidade média é 2,06 km/h ! Isso é pouco, em termos de velocidade média. Eu fazendo caminhada pra perder peso faço uma média maior que esta. Mas lembre-se, em 89 dias ele deve ter parado muito pra descansar.

Pelo teorema do valor médio podemos afirmar categoricamente que pelo menos uma vez em toda a viagem ele teve exatamente esta velocidade: 2,06 km/h ! E isso prova ... Que velocidade média as vezes não serve pra nada.

Quer ir um "pouquinho" mais rápido ? Vá de Estação Orbital Internacional. Ela tem uma velocidade média de parcos 27.685 km/h. Ela percorre a distância de 11.000 km em 23 minutos !!!!!!!!

Isso sim é rápido ! ;)

A vantagem da ignorância ! (No singular mesmo)

Eu sempre tenho defendido neste Blog as vantagens e mais vantagens da cultura, do estudo e da ciência. Mas hoje vou defender a ignorância.

Sim, a ignorância. Ignorância não é uma coisa tão ruim assim. Ser ignorante não significa ser um deficiente ou uma pessoa burra. Significa apenas ignorar alguma coisa.

Tá, talvez seja mais, porque ignorar alguma coisa é chamado de ignorar alguma coisa e ignorância é ignorar um monte de coisas. Mas seja como for, vamos partir da frase de Paulo Freire que diz que ninguem sabe mais nem menos, apenas sabemos diferente.

Se a ignorância tem alguma vantagem é a da beleza de simplicidade. Explico: Outro dia li uma reportagem sobre a coleção de selos de Freddie Mercury que foi arrematada num leilão por uma fortuna há uns anos atrás. A coleção não segue nenhum critério aceito às coleções, como temática, classica, etc. Segundo consta, o finado (e Afinado) cantor Freddie, quando adolescente juntou alguns selos que julgava ter alguma afinidade visual num álbum. A tal coleção valeria miseras libras se não tivesse pertencido a uma celebridade e um gênio da música.

Fiquei me lembrando de quando comecei a colecionar selos e tudo pra mim poderia ir para meu album. Não importava qualidade, não importava tema, não importava autor. Importava apenas que um selo era, para mim, bonito e deveria fazer parte de minha coleção.

Hoje ainda coleciono selos. Com menos afinco, com mais critério e com menos paixão. Escolho meus selos com tanto critério que acabo deixando muitos de fora.

A ignorância as vezes ajuda a ver as coisas de uma maneira simples. Como quando vou a exposições de orquideas. Olho todas e me encanto com todas. Mesmo sabendo que umas são mais valorizadas que outras por critérios que ignoro.

Minha filha de três anos me deu uma lição sobre isto estes dias. Estavamos andando pelo jardim de nossa casa e ela resolveu levar umas flores para a avó. Foi até o jardim e escolheu umas quatro florzinhas, bem "genéricas". Depois tirou uns pedaços de grama e colocou junto. Olhou para o buque e disse - "Tá lindo".

Pra cultura dela, pouco importa que grama é grama. Importa que ficou lindo. Um dia a cultura dela será suficiente para não ver beleza nas gramas e talvez entender as regras de premiação das orquideas.

Eu tenho tentado manter-me conscientemente ignorante em algumas areas da minha vida, pra, com isso, encontrar beleza nas coisas simples. Talvez para alguns seja um pouco de preguiça, mas para mim, sempre será bonito um Paulistinha decolando, uma frase em Francês e uma escala na gaita, coisas que separei para nunca aprender direito para sempre ter a sensação de que o simples vai me encantar.

Tomem leite, escovem os dentes, estudem fisica se der tempo e mantenham-se ignorantes em alguma area da sua vida.

A propósito: A falta de acentuação na maioria das palavras é proposital. Para ser coerente com o tema....

segunda-feira, setembro 01, 2008

Quando um problema difícil não é tão difícil assim.

Veja o circuito abaixo.



Um maluco fez uma rede resistores paralelos 0.R + 1.R + 2.R + 3.R + ... Sabe-se Deus quanto.

Ligou esta rede maluca a um circuitinho.

Pergunta-se: Qual a resistência equivalente do circuito entre os terminais x e y?

A primeira coisa que se passa pela cabeça de quem resolve um exercício deste tipo é: Como encontro a resistência equivalente, se não sei quantos elementos tem era série? E possível é, mas como a primeira resistência é 0, tem um curto circuito aí e isso simplifica tudo...

Veja o que vai ser o circuito visto pela corrente elétrica entre os terminais x e y!

E este é fácil de calcular:

1/Req = 1/(R+R) + 1/2R + 1/(R+R+R) = 1/4R

Req = 4.R

Este tipo de problema é classificado pelos alunos como “pegadinha”, mas mostra que as vezes cara feia não é sinal de problema complicado e as vezes temos de ver de cima, antes de atacar os detalhes.

E pra dizer a verdade, é pegadinha sim ... :)

quarta-feira, julho 23, 2008

Demitido !

Pois é, o fato ocorreu há alguns dias, mas só agora criei coragem de escrever e mais um pouco para publicar.

Depois de sete anos completos de dedicação a instituição que lecionava, fui demitido. Sem justa causa. Justificativa, apenas o de sempre: Cortes de pessoal.

Foi um dia estranho, mais ou menos como morte de vó ou vô muito doente. Você sabe que vai acontecer, mas quando acontece te pega de surpresa.

Foram sete anos também interessantes. Bem corridos, é verdade. Conheci muita gente interessante, alguns que mudaram minha maneira de pensar. Alguns professores e alguns alunos que em breve pretendo escrever sobre eles.

Conheci gente também que talvez não quisesse, na minha ingenuidade, ter conhecido. Gente (Alunos e professores) que acredita que educação se compra e se vende, alguns aliás que acreditam que respeito se compra e se vende. Pessoas que eu acho que viveria melhor se não conhecesse. Estes pretendo não prestar minhas honras, mas estes também mudaram, a sua maneira, minha vida.

Fim de uma fase.

Agora posso usar minhas noites para escrever minhas lamúrias em forma de exercícios de Física , assistir uma série na TV - Nem eu acredito que não acompanhei Lost nem Hero, ou simplesmente tocar violão. Uma nova fase começa com desafios mais pessoais a enfrentar.

Se eu soubesse, acho que teria caprichado mais naquela última aula, que não sabia que era a última. Foi uma aula de estrutura de dados, para uma classe quase vazia, com alunos cansados de um semestre puxado em uma sala fria. Aqueles alunos que olhavam para mim, com a cabeça no mundo da Lua e o computador em algum site de bate-papo, fingindo fazer o que eu pedia, assistiram a minha última aula na instituição.

Talvez tenha aprendido uma lição: Dê sua aula, sempre como se fosse a última. Um dia será mesmo.

Não levo magoas, nem da instituição, nem dos amigos que lá deixei. Fico com sempre, pensando nos dilemas que as intituições superiores enfrentam. Talvez escreva sobre isso no futuro.

quinta-feira, maio 29, 2008

O perigo da ciencia ! (ou ?)

Hoje de manhã vi uma reportagem sobre a votação a respeito da votação pelo STF a respeito do uso das celulas tronco embrionárias em pesquisas cientificas. A tempos venho acompanhando a distância tal assunto que para mim não diz respeito diretamente pois não sou pesquisador em tempo integral e também não sou biologo. Mas hoje tal assunto bateu em minha porta, quando um ministro afirmou que tal assunto é tão importante - "que não deve ficar nas mãos dos cientistas".

Isto me deixou muito preocupado, primeiro que tal ministro está se esquecendo que ele tem campo de atuação sobre uma área territorial restrita, chamada vulgarmente de Brasil e sobre seus cidadãos aos quais alguns são cientistas chamados doravante de brasileiros. Então se o assunto é tão importante que não deve ficar sob responsabilidade dos cientistas brasileiros, uma vez que no mundo muitos paises já deram seu sinal verde.

Supondo que o Brasil vete estas pesquisas, algumas coisas deverão ocorrer. Alguns cientistas brasileiros ligados a estas pesquisas, deverão parar seus trabalhos (que será o destino da maioria), trabalhar na clandestinidade (o que acho muito improvável que ocorra) ou sairem do país (que será o destino dos melhores).

Supondo ainda que este veto aprovado, cientistas internacionais cheguem a conclusões de curas para uma doença qualquer, que chamaremos de ilignato pneures (não adianta procurar, não existe tal doença). Daí, uma triste vitima de ilignato pneures brasileira de classe média fica sabendo que um pesquisador também brasileiro, trabalhando em um país da Europa tem a cura pra tal doença, mas não pode tratar aqui pois o parecer do STF do longiquo ano de 2008 vetou o uso de celulas tronco embrionárias. Mas como a vida é o mais importante, nosso amigo vende seu carro, um apartamento na praia e consegue se tratar.

Mas e se a vitima de ilignato pneures for um brasileiro pobre, agricultor, assistido pelo SUS. E aí ? Será que o mesmo direito a vida, agora defendido será usado para nosso heroi ganhar um tratamento na Europa com o mesmo cientista brasileiro que atendeu o brasileiro que vendeu o carro ?

Como dizem meus alunos: Pessoal, helooow,ow ! Estes embriões vão ser descartados mesmo. Se se vai discutir o direito a vida destes, tem-se que recuar um pouco o assunto e discutir o que deve-se fazer com embriões congelados quando chegam próximo ao seu prazo de "validade". Explico: Quando um casal resolve fazer fecundação artificial (antigamente chamado de bebê de proveta), são fecundados vários ovulos, alguns são colocados no útero da mulher e outros congelados. Até um prazo máximo (cinco anos, se não me engano), estes embriões podem ser usados para outras tentativas de engravidar. Depois disso, é muito arriscado usar tais embriões pois, mesmo tendo permanecidos congelados a temperaturas ultra-baixas, existe um certo risco de corrupção de certas moléculas. Então tais embriões DEVEM ser (e são)descartados. Imagine que chegue-se a conclusão que todos estes devem ser inseminados e terem o direito a vida ? Não tenho números, mas acho que seria impraticável.

Discutir ética não é nada fácil e fico pensando o que deve ter passado pela mente de Galileu quando viu o que não se podia (por lei) ver. Será que se Isaac Newton fosse brasileiro do ano 2008 discutir-se-ia o direito de sua maça cair ? E Einstein questionando o tempo ? Será que ele é tão perigoso assim (e apesar de pacifista deu subsidios para a construção da bomba atômica).

E é bom lembrar a tal ministro que humanos são humanos, cientistas ou politicos ou juizes, mas ciência não é humana.

Termino com um caso que me foi contado pelo querido professor de astronomia Roberto Boczko, com quem fiz um curso muito rápido mas aprendi muito (se já contei este, por favor me perdõem, o caso é velho, mas a situação é nova).

Diz ele que certa vez ia ocorrer um eclipse do sol que teria sua melhor visualização no mundo todo, em uma pequena cidade do interior do Brasil. Cientistas brasileiros e estrangeiros foram para tal cidade observar o fenomeno (Eclipse do Sol é um negócio muito importante pra ciencia, ao contrário do eclipse da Lua, um dia escrevo sobre eles). O tal fenômeno ia ocorrer numa quinta-feira e resolveram colocar um telão, ou telescópios pela cidade, para que todo mundo pudesse ver o fenômeno. A comoção na cidade foi tanta que o prefeito da cidade resolveu decretar feriado municipal para se ver com tranquilidade o fenômeno.

Mas ai, um grupo de vereadores achou que ocorreria um problema, pois decretando feriado na quinta-feira, na sexta todo mundo ia "enforcar". Escreveram então uma carta, ao chefe da equipe de astrônomos pedindo para mudar a data do fenômeno da quinta-feira para sexta-feira.

Acho que depois disso, não preciso me justificar mais.

Escovem os dentes, tomem leite, leiam o jornal de hoje com as notícias de ontem e se der tempo, estudem física.

P.S. Estou com uma pá de exercícios resolvidos em papel e digitalizando, de vagar vou colocando aqui... Agora estou resolvendo eles no PALM, isso é bom porque qualquer lugar é lugar pra resolver exercícios de física. Uma hora eles aparecem por aqui.

segunda-feira, abril 07, 2008

Mais cargas elétricas...

Suponha duas cargas elétricas de valores 3x10-8C colocadas, uma no ponto -0,3 m e outra no ponto +0,3 m do eixo x. Qual o valor do campo elétrico na origem (x=0 e y=0).

Se as duas cargas elétricas estão a mesma distância da origem e tem sinais iguais, o campo elétrico neste ponto será a soma dos módulos do campo elétrico provocado pela primeira carga e pela segunda, que são numéricamente iguais. Então pra resolver o problema, calcule o campo elétrico de uma carga e multiplique por dois.

Então vai:

E = k.q.r-2 = 8,98x109 . 3x10-8 . (0,3)-2 = 2,694 . 10+2 . 9x10-2 = 2,99 x 103 N.C-1

Um exercicinho facinho, só pra reiniciar a rotina... :)

terça-feira, março 25, 2008

George e o segredo do Universo e outros livros...

Há umas semanas atrás fui procurar um livro pra dar de presente para meu pai e tropecei num livro chamado "George e o segredo do Universo" de Lucy e Stephen Hawkings. Uma capa prá lá de chamativa e com estes nomes me deu vontade de comprar, mas não comprei.

No mesmo dia esbarrei com o mesmo livro em outra livraria.

Desta vez não desperdicei e comprei.

Estou lendo, como sempre faço, de forma bem lenta, pensada e analisada (pra não dizer que só estou lendo mesmo nos domingos após o almoço).

Estou lendo, em paralelo, outro livro de Hawkings, o "Universo na casca de nós". Este livro me deixa perplexo, porque é um livro de leitura extremamente difícil e no entanto um sucesso de vendas. Eu acredito que muita gente comprou pra ver as inúmeras figuras que o livro tem e não se deteve em adquirir ou reter as teorias que o envolvem.

As teorias das cordas e das bramas por exemplo me fascinaram, pois no meu tempo de faculdade "a moda" eram as teorias das cordas que hoje se expandiram para as bramas.

Mas não é uma leitura para amadores.

Já o "George.." é um livro para crianças, ricamente ilustrado, narra as aventuras do garoto George, um menino criado sem nenhum conforto da vida moderna por opção dos ripongas pais. George conhece um vizinho que é cientista e passam a conhecer os segredos do Universo.

Uma leitura agradabilissima, principalmente a partir do capitulo 3 (antes é meio emperrada). Acredito que este sim deveria ser o Best-Seller de Hawkings, mas como estas coisas não se explicam ...

Eu gosto muito do livro de Fisica do Prof. H. Moysés Nussenzveig, professor que tive a honra de conhecer pessoalmente. Se você encontrar algum livro dele, compre sem dó. Se não gostar, me mande pelo correio ;)

A análise que ele costuma fazer sobre o arco-irís é fascinante.

Mas por falar em livros, ganhei de um grupo de alunos o livro "Almanaque do Fusca". Fusca é um assunto que me interessa. Fiquei desconcertadamente feliz em receber um presente dos meus alunos. Não estou acostumado com isso e acho que não sei muito como agir, mas em resumo, fiquei feliz !

O formato Almanaque caiu em desuso, mas é bem explorado neste livro. Informações amplas e pouco detalhadas, cobrem vasto material sem muita profundidade. Em tempos de Google e Internet é o que basta.

Conhecidências inexplicáveis ? Tanto "George..", quanto o "Almanaque..." são livros da fantástica Ediouro, editora brasileira que "no meu tempo" publicava uns livros inigualáveis com preços absurdamente baixos (eu não sei como eles conseguiam). Eu tinha um livro deles sobre radios de A. Fanzer que é um compendio. O bom é que o tempo passou, a qualidade melhorou e o preço não subiu tanto.

Então, por conhêcidencias (?) inexplicáveis, o primeiro livro que adquiri na vida foi um Ediouro (direto da editora, via vale postal, isso muito tempo antes de existir Internet). O nome do Livro ? "Um estudo em vermelho" de Sir. Arthur Conan Doyle. O primeiro livro da série de Sherlock Holmes. Tenho o livro até hoje e leio sempre que posso.

"Livros são muito legais" Wilbur - Personagem de um desenho que minha filha de dois anos assiste.

quinta-feira, março 20, 2008

Quanto tempo voce espera um sonho de realizar ?

Conheço algumas pessoas que sonham em ver o show da Britney Spears, outros sonham apenas com um fim de semana prolongado. E outros sonham em conversar com Che Guevara, dar a volta ao mundo num caiaque ou seja lá o que for.

Eu como a maioria dos seres humanos tive e tenho uma série de sonhos. Alguns realizáveis a curto, médio e longo prazo e outros que provavelmente nunca se realizarão.

Um amigo dizia que o mais importante de um sonho é sonhar, mais importante até que realizá-lo. Não sei, realmente não sei.

Mas como o assunto deste blog é educação, quero tratar de um sonho meu que demorou quase 30 anos para se realizar.

Em 1978, lá pelo meio do ano, meu pai resolveu me colocar num professor de violão. Confesso que na época não aprovei muito. Eu queria tocar piano, sax ou gaita, mas não violão. Mas tinha uma prima que tocava e lá fui eu.

Meu pai comprou um violão muito ruim que existe até hoje parado, me matriculou nas aulas de violão com o mesmo professor da tal prima e lá fui eu.

Eu sabia o que era violão e gostava de ouvir porque meu avô materno era um violonista de certo renome na cidade. Me lembro também dos meus tios ouvindo discos ou vendo violonistas na TV e alguns tocando, por isso tudo minha cultura violonistica não era nula.

O tal professor, Silvio dos Santos (não o apresentador de TV) dá ainda hoje na sua casa. Ele me recebeu muito bem, afinou meu violão, mostrou as primeiras noções e fez a pergunta que motiva este tópico: "Tem alguma música que você gostaria de tocar ?"

Vasculhei meu vasto conhecimento violonistico e respondi: "Eu gosto muito da música ODEON !".

Para quem não conhece, ODEON é um choro de Ernesto Nazareth escrita originalmente para piano, dificil pra burro pra tocar (direito). Eu conhecia ODEON de meu avô tocar e de uma abertura de novela da Globo. Era uma música que eu gostava muito (e gosto até hoje, alias o genêro Choro me encanta).

O Sr. Silvio me explicou que eu tinha de aprender "um pouco" para tocar esta peça, mas que o dia chegaria - Nunca pensei que demoraria tanto.

Muito tempo se passou. Eu fiz violão popular, mas tive problemas com as cordas vocais e passei para o violão classico solo. Muito tempo depois e parei de estudar, fiquei muito tempo parado. Anos depois, voltei a estudar com o mesmo professor. Nesta época ainda o cobrei que ainda não tocava ODEON, mas eu tinha que reaprender muito. Estudei, estudei, estudei e estudei.

Nesta época eu estava fazendo mestrado e meus horários eram bem flexíveis e conseguia tocar com mais folga, mas o Sr. Silvio não me achava apto ainda a tocar o tal ODEON.

Um tempo depois mudei de professor, passei a ter aulas com o conceituadissimo Pedro Cameron que praticamente me re-ensinou tudo o que eu achava que sabia. Não que o Sr. Silvio tivesse falhado em seu ensinamento, mas o maestro Pedro toca e ensina de uma forma muito diferente e é muito mais exigente que o primeiro. Então voltei a fazer aqueles estudos de quem está começando a tocar.

Nesta época eu já tinha dois empregos e por muito tempo meu horário de estudos eram após as 23:00 hs, ainda na casa dos meus pais e depois quando fui morar na casa onde moro até hoje.

Estudar violão é dolorido, cansativo, exige muita concentração, persistência e paciência.

Terminei os estudos avançados no final de 2006, passei então a escolher repertório. Quando Pedro me perguntou que música eu queria tocar, minha resposta imediata foi "ODEON".

Não, ainda não era a hora.

Ainda fiz algumas músicas de repertório e me apaixonei por um autor que não conhecia, chamado John Dowland e depois fiz a série de 5 preludios de Heitor Villa Lobos.

Finalmente, há 3 semanas atrás, retomei o pedido - "Pedro, será que dá pra eu tocar o Odeon ?".

E desta vez a resposta foi - "Não passe mais vontade !".

Ufa. Mas meus problemas estavam só começando. A peça tem umas passagens bem dificeis, mas lutei e ainda estou lutanto para deixar esta peça apresentável ao público.

Daquela fria tarde de 1978 até Março de 2008 foram quase 30 anos. Obviamente não foram 30 anos apenas perseguindo um objetivo, mas um objetivo que demorou pra se concretizar e ainda vai levar um tempo até estar completo.

Mas é um sonho que demorou o que demorou e se concretizou como está se concretizando porque eu lutei pra isso. A sensação de realização é ótima !

Este sonho já foi para a pasta de sonhos realizados.

Agora só falta comprar o caiaque.