Pois é, o fato ocorreu há alguns dias, mas só agora criei coragem de escrever e mais um pouco para publicar.
Depois de sete anos completos de dedicação a instituição que lecionava, fui demitido. Sem justa causa. Justificativa, apenas o de sempre: Cortes de pessoal.
Foi um dia estranho, mais ou menos como morte de vó ou vô muito doente. Você sabe que vai acontecer, mas quando acontece te pega de surpresa.
Foram sete anos também interessantes. Bem corridos, é verdade. Conheci muita gente interessante, alguns que mudaram minha maneira de pensar. Alguns professores e alguns alunos que em breve pretendo escrever sobre eles.
Conheci gente também que talvez não quisesse, na minha ingenuidade, ter conhecido. Gente (Alunos e professores) que acredita que educação se compra e se vende, alguns aliás que acreditam que respeito se compra e se vende. Pessoas que eu acho que viveria melhor se não conhecesse. Estes pretendo não prestar minhas honras, mas estes também mudaram, a sua maneira, minha vida.
Fim de uma fase.
Agora posso usar minhas noites para escrever minhas lamúrias em forma de exercícios de Física , assistir uma série na TV - Nem eu acredito que não acompanhei Lost nem Hero, ou simplesmente tocar violão. Uma nova fase começa com desafios mais pessoais a enfrentar.
Se eu soubesse, acho que teria caprichado mais naquela última aula, que não sabia que era a última. Foi uma aula de estrutura de dados, para uma classe quase vazia, com alunos cansados de um semestre puxado em uma sala fria. Aqueles alunos que olhavam para mim, com a cabeça no mundo da Lua e o computador em algum site de bate-papo, fingindo fazer o que eu pedia, assistiram a minha última aula na instituição.
Talvez tenha aprendido uma lição: Dê sua aula, sempre como se fosse a última. Um dia será mesmo.
Não levo magoas, nem da instituição, nem dos amigos que lá deixei. Fico com sempre, pensando nos dilemas que as intituições superiores enfrentam. Talvez escreva sobre isso no futuro.