Continuando a série de professores que tive, gostaria de dedicar este POST ao professor Teófilo, o único professor que conseguiu me reprovar e por isso tenho muito carinho por ele.
Ele me reprovou e tenho carinho por ele? Pois é. Vamos ao início.
Eu nunca fui de estudar. Tenho uma capacidade de raciocinar relativamente boa e uma memória muito desorganizada, mas estranhamente eficiente. Em dia de prova eu simplesmente me lembrava da matéria e nunca tive problemas sérios de notas em função disso. Tive fama injusta de CDF, por não sair muito de casa, mas eu quase não estudava – Quase não, não estudava mesmo. Passava minhas tarde jogando vídeo-game ou assistindo Sessão da Tarde – Sei diálogos do “Pássaro Azul” de cor. Eu era ou segundo ou terceiro aluno da classe e pra mim tava bom demais, dado o custo.
Pra prestar vestibular resolvi estudar, mas também não foi tanto assim. Tanto que fui, relativamente bem em matemática e muito bem em química e muito ruim em Física. Na média, fui terceiro colocado no vestibular da minha turma. Ironicamente no curso de Física.
Depois dos trotes, a primeira aula que assisti pra valer, foi de um professor magro, com um pesado sotaque castelhano (ou um fraco sotaque português, como maldosamente os colegas o classificavam) e com uma lousa absolutamente maravilhosa. Esse era o professor Colombiano Teófilo.
Dizer que ele tinha um sotaque espanhol é pouco. Ele praticamente falava em Espanhol mesmo. Isso não chegava a ser problema, porque o espanhol é bem entendível, não dá pra se aventurar a falar, mas entender é tranqüilo.
O pior problema era mesmo a matéria. Geometria Analítica me parecia simples. Parecia, parecia. Aquela mania de não estudar estava com os dias contados. Não me lembro muito bem das notas, mas não fui bem. Acabei ficando de recuperação e passei.
Por outras razões eu já estava aprendendo a estudar e no segundo ano, o mesmo professor Teófilo deu a disciplina Calculo Avançado. Aí sim as coisas se complicaram.
A disciplina era puxadíssima, a classe era imensa (perto de 90 alunos em uma classe) e eu aprendendo a estudar. Ficava na biblioteca estudando, estudando e estudando. Fazia listas de exercícios e pegava provas dos anos passados pra tentar resolver. E nota que é bom nada.
Teófilo era um professor, até certo ponto ríspido, de respostas monossilábicas, por outro lado uma pessoa inteligentíssima e um professor que tinha o ensino como objetivo principal. Me lembro de ir um dia em sua sala tirar dúvidas e ele estava atendendo um professor, conversando sobre assuntos departamentais. Ao me ver, ele se dirigiu ao professor – Perdona-me, tengo que atender un aluno !
Ele era assim, ensino em primeiro lugar. O Contrário também valia. Pouquíssimas vezes ele abria espaço para conversas sobre seja lá o que fosse, que não fosse o assunto da aula.
Uma vez aconteceu uma cena surreal. Ele estava dando aula e na rua, passou um palhaço (palhaço mesmo, estes de circo) divulgando algum evento cultural na cidade. O palhaço tocava um tambor e uma buzina. Entrou na sala em que estávamos em aula. O prof. Teófilo nem parou para ver o que acontecia, seguia sua lousa maravilhosa. O palhaço se dirigiu a ele então – PROFESSOR, POSSO DAR UM RECADO PARA A TURMA ?
NO – Respondeu ele, sem sequer se virar.
O palhaço agradeceu e se foi !
Ele era assim. Sempre fumando muito, sempre lendo ou escrevendo e tomando muito café. Me lembro de uma prova que foi das 8:00 hs da manhã até as 14:00 hs ! Initerruptamente. “Enquanto agüentarem, estoy aqui !”
Foi, foi e foi e acabei reprovando em Calculo Avançado. Percebi que o Prof. Teofilo tinha me desafiado intelectualmente e eu tinha perdido. Compreendi que a culpa não era dele (ao contrário do que os colegas achavam) e que eu tinha de fazer a disciplina de novo e passar.
Fiz de novo. E fui relativamente bem, lá com meu cinquinho básico, mas bem. Na última prova dei uma bobeada e fiquei com média ligeiramente abaixo da média, com muitos alunos.
Estes alunos e eu, então fizemos um pedido para que ele nos desse outra chance. Ele aceitou. Pediu para que fossemos a sala dele em tal dia e tal hora.
Ficamos todos enfileirados e ele numa sala. As vezes ele abria e um aluno desolado saia. Ele então chamava o próximo.
Pouquíssimos foram aprovados naquele dia.
Quando eu entrei na sala, ainda me lembro bem, o ar dava pra cortar da fumaça de cigarro. Pensei então que ele me daria um exercício daqueles para resolver. Ele então me falou - “Desenhe una funcion en la lousa !”. Desenhei então uma minhoca.
Calcule ahora la integral desta funcion.
E agora ? Fiquei pensando, pensando e ele “Se no sabes um conceito bassico destes no puede passar !”
Então fiz alguns retângulos e disse pra ele – “A integral desta função é a soma da área destes retângulos !”
MUY BIEN ! ESTAS APROVADO !
Em retrospecto penso que o professor Teofilo realmente desafiou a todos os 90 alunos daquela turma para um jogo de xadrez que durou cerca de 2 anos. Alguns não viram assim, mas quem viu e aceitou o desafio jogou com um grande jogador, uma pessoa com inteligência e cultura muito acima de nossa.
Ele ganhou uma partida, mas eu ganhei a outra e ele ficou feliz por isso.
Anos depois recebi a notícia do falecimento do professor Teófilo. O excesso de café e cigarro devem ter feito mal para seu coração.
Hoje sinto falta de pessoas que realmente me desafiem intelectualmente- Tenho um profesor me desafiando atualmente, mas escreverei sobre isso em outro POST. Parece que a mediocridade impera. Muitos dos meus alunos também não vêem desafios intelectuais com bons olhos e acham que ser reprovado é culpa do professor.
Ainda bem que eu tive um professor Teófilo, um professor que dizia NO na minha vida !
sexta-feira, outubro 16, 2009
sexta-feira, setembro 11, 2009
Pois é, 3 anos !
Foi num dia 11 de Setembro de 2006 que resolvi criar este blog. A ideia não era fazer algo que fosse propositalmente visto, mas sim, mostrar para o mundo o que eu estava fazendo para que, alguem, eventualmente, utilizasse para uso próprio.
E para ser criticado.
A parte boa destes 3 anos é que consegui resolver muitos exercícios, reencontrar velhos livros, conceitos perdidos e reaprender coisas que julgava esquecidas.
A parte ruim é que em dado momento resolvi me atentar a forma, mais que o conteudo e daí diminuí muito o ritmo.
Mas Setembro é um mês que marca muitas viradas. Os ataques de 11 de Setembro, a proclamação da Independencia do Brasil, a chegada da Primavera e por ai vai. Quem sabe, procuro em algum lugar onde ficou meu caminho perdido e retomo daí para postar coisas que podem ser uteis para alguem, além de mim.
É meio contraditorio, mas quando passei a me dar conta que era visto, me fechei.
Problemas tecnicos com meu link de internet em casa e meus equipamentos ajudaram, mas não justificam a história.
Mas nem tudo são lamentos: Me vendo no dia 11 de Setembro de 2006 e hoje, me vejo agora muito mais louco, mais confiante em pegar um exercício e resolver, mais ligado as minhas origens.
Esta semana polarizei um transistor. Há muito tempo não fazia isto e não sentia o prazer de construir um circuito tão elementar.
É bom voltar pra casa !
Abraços pra voces.
E para ser criticado.
A parte boa destes 3 anos é que consegui resolver muitos exercícios, reencontrar velhos livros, conceitos perdidos e reaprender coisas que julgava esquecidas.
A parte ruim é que em dado momento resolvi me atentar a forma, mais que o conteudo e daí diminuí muito o ritmo.
Mas Setembro é um mês que marca muitas viradas. Os ataques de 11 de Setembro, a proclamação da Independencia do Brasil, a chegada da Primavera e por ai vai. Quem sabe, procuro em algum lugar onde ficou meu caminho perdido e retomo daí para postar coisas que podem ser uteis para alguem, além de mim.
É meio contraditorio, mas quando passei a me dar conta que era visto, me fechei.
Problemas tecnicos com meu link de internet em casa e meus equipamentos ajudaram, mas não justificam a história.
Mas nem tudo são lamentos: Me vendo no dia 11 de Setembro de 2006 e hoje, me vejo agora muito mais louco, mais confiante em pegar um exercício e resolver, mais ligado as minhas origens.
Esta semana polarizei um transistor. Há muito tempo não fazia isto e não sentia o prazer de construir um circuito tão elementar.
É bom voltar pra casa !
Abraços pra voces.
quarta-feira, agosto 05, 2009
Lançamento de projetil (Versão Brasileira: Hebert Richards)
Este problema é do livro do Haliday Resnick, edição de 1970, Capitulo 4, Exercício: 11
Uma bola é lançada com velocidade escalar inicial de 64 pés/s sob um ângulo de 450 com a horizontal. O jogador que vai receber na linha da meta a 60 jardas na frente do que chutou, corre ao encontro da bola naquele instante. Qual deverá ser sua velocidade escalar a fim de alcançar a bola antes dela tocar o chão?
Hoje vou mostrar a resolução deste exercício "traduzido", ou seja, vou passar as unidades para mks que temos a capacidade de pensar. Outro post eu coloco a versão direta.
Então lá vai:
1 jarda = 30 pés = 9,144 m
60 jardas = 54,8 m
64 pés/s = 19,51 m/s
A velocidade inicial tem duas componentes, escalarmente iguais pois o ângulo é de 450.
Então: vx = vy = 19,51 m/s x cos 450= 19,51 m/s x sin 450 = 13,79 m/s
A componente vy sofrerá a ação da gravidade, assim:
s = s0 + v0.t - 1/2 g t2
Como s = s0 = 0, e supondo g = 9,8 m.s-2 temos a seguinte equação do segundo grau:
-5 t2 + 13,79 t = 0
t1 = -13,79 + SQR(13,792) / (-9,8) = 0 s
t2 = -13,79 - SQR(13,792) / (-9,8) = 2,81 s
Um instante: Estes dois resultados indicam que a bola passará pelo eixo y (contato com o chão, ou ponto mais proximo deste, como queira) no momento t = 0 que é o momento do lançamento e depois no t = 2,81 s !
Isso não é magnifico? O resultado da formula de Bascara tem um significado fisico !!!!
Voltando. Então depois de 2,81 s a bola vai cair no chão. Neste tempo ela percorre uma distância que é dada pela componente horizontal da velocidade inicial x este tempo (já que a velocidade horizontal não é afetada pela gravidade).
Então d = 13,79 x 2,75 = 38,80 m
Se a bola andou 38,80 m em direção do rebatedor que está a 54,8 m a frente, o rebatedor vai ter de correr a diferença (54,8 m - 38,8 m = 15,99 m) em 2,81 s.
A velocidade média será então: 5,69 m/s
Como o problema original foi dado em jardas e pés/s, fazemos a conversão e temos: 18,67 pés/s
Pra nós, brasileiros não é muito comum medir velocidades em pés/s e distâncias em jardas, por isso uma tendencia a converter tudo, usando uma tabelinha qualquer. Porque é mais facil de pensar.
Tente imaginar 60 jardas ? De cara, pensei uns 100 m ! Juro. E são só 54,8 m !
Em alguns casos porém a conversão não é indicada e aconselha-se a passar a pensar nas unidades estranhas. Um exemplo é a milha/h em carros importados. Ficar pensando e convertendo mentalmente não dá. É melhor pensar na unidade.
Voltaremos ao assunto em outro post.
A proposito: Hebert Richards é uma produtora de filmes dos anos 50 que se tornou uma importante dubladora de filmes dos anos 60/70 e 80. Esta frase: Versão Brasileira: Hebert Richards é um classico das Sessões da Tarde do meu tempo. Alias, dá muita saudade das dublagens daquele tempo !!!
Antes de ser afligido andava errado; mas agora tenho guardado a tua palavra.
Salmos 119:67
Uma bola é lançada com velocidade escalar inicial de 64 pés/s sob um ângulo de 450 com a horizontal. O jogador que vai receber na linha da meta a 60 jardas na frente do que chutou, corre ao encontro da bola naquele instante. Qual deverá ser sua velocidade escalar a fim de alcançar a bola antes dela tocar o chão?
Hoje vou mostrar a resolução deste exercício "traduzido", ou seja, vou passar as unidades para mks que temos a capacidade de pensar. Outro post eu coloco a versão direta.
Então lá vai:
1 jarda = 30 pés = 9,144 m
60 jardas = 54,8 m
64 pés/s = 19,51 m/s
A velocidade inicial tem duas componentes, escalarmente iguais pois o ângulo é de 450.
Então: vx = vy = 19,51 m/s x cos 450= 19,51 m/s x sin 450 = 13,79 m/s
A componente vy sofrerá a ação da gravidade, assim:
s = s0 + v0.t - 1/2 g t2
Como s = s0 = 0, e supondo g = 9,8 m.s-2 temos a seguinte equação do segundo grau:
-5 t2 + 13,79 t = 0
t1 = -13,79 + SQR(13,792) / (-9,8) = 0 s
t2 = -13,79 - SQR(13,792) / (-9,8) = 2,81 s
Um instante: Estes dois resultados indicam que a bola passará pelo eixo y (contato com o chão, ou ponto mais proximo deste, como queira) no momento t = 0 que é o momento do lançamento e depois no t = 2,81 s !
Isso não é magnifico? O resultado da formula de Bascara tem um significado fisico !!!!
Voltando. Então depois de 2,81 s a bola vai cair no chão. Neste tempo ela percorre uma distância que é dada pela componente horizontal da velocidade inicial x este tempo (já que a velocidade horizontal não é afetada pela gravidade).
Então d = 13,79 x 2,75 = 38,80 m
Se a bola andou 38,80 m em direção do rebatedor que está a 54,8 m a frente, o rebatedor vai ter de correr a diferença (54,8 m - 38,8 m = 15,99 m) em 2,81 s.
A velocidade média será então: 5,69 m/s
Como o problema original foi dado em jardas e pés/s, fazemos a conversão e temos: 18,67 pés/s
Pra nós, brasileiros não é muito comum medir velocidades em pés/s e distâncias em jardas, por isso uma tendencia a converter tudo, usando uma tabelinha qualquer. Porque é mais facil de pensar.
Tente imaginar 60 jardas ? De cara, pensei uns 100 m ! Juro. E são só 54,8 m !
Em alguns casos porém a conversão não é indicada e aconselha-se a passar a pensar nas unidades estranhas. Um exemplo é a milha/h em carros importados. Ficar pensando e convertendo mentalmente não dá. É melhor pensar na unidade.
Voltaremos ao assunto em outro post.
A proposito: Hebert Richards é uma produtora de filmes dos anos 50 que se tornou uma importante dubladora de filmes dos anos 60/70 e 80. Esta frase: Versão Brasileira: Hebert Richards é um classico das Sessões da Tarde do meu tempo. Alias, dá muita saudade das dublagens daquele tempo !!!
Antes de ser afligido andava errado; mas agora tenho guardado a tua palavra.
Salmos 119:67
quinta-feira, maio 14, 2009
Bloquinho pra lá e bloquinho pra cá !
Atendendo ao pedido da poetisamineira segue a resolução (ou pelo menos tentativa) da primeira parte do exercício (ou exercicio depois da reforma ortográfica?).
Agradeço a poetisamineira ter me enviado o problema, mas confesso que tempo pra resolver anda escasso, por isso se você pensa em me mandar um problema e tem prazo pra entregar, esqueça. Eu vou demorar pra resolver. Mas se não tiver pressa, mande...
Vamos aos problemas:
1)Calcular massa de A para que o sistema permaneça em equilibrio,sendo que massa de B é 60 kg tem-se um plano inclinado(em forma de triangulo escaleno),onde o bloco A esta à esquerda(lado) e o bloco B esta à direita(lado).O lado esquerdo faz um angulo de 37° e o direito de 53° cm a horizontal. Obs:corpos sofrem a força de atrito e a tração já que existe uma corda ligando A ao B.
Desenhar torna as coisas mais faceis, então...
Os triangulos estão em escala, dá pra ver que pela inclinação o bloco A deve ser mais pesado (mais massa) que B. Porque ? Pense se eles tivessem massas iguais, o bloco B puxaria o conjunto para a direita, concorda ? A inclinação de 53° puxaria o conjunto. O mesmo acontece se a massa do bloco A for menor que o Bloco B então nem se fala.
Se o Bloco A for muito, muito, muito mais pesado que B ele é que vai puxar o conjunto pra esquerda. Então a massa critica de B que equilibra o conjunto é maior que B, mas quanto?
Bom, vamos isolar o bloquinho A pra ver as forças atuantes sobre ele:
A Força Peso de 600 N (supondo g=10m.s-2) aponta para baixo, a Força Normal é a reação do piso e tem modulo igual a componente perpendicular ao piso da força peso. A componente da Força peso que puxa o bloco para baixo forma um angulo de 53° (por semelhança de triangulos) com a força peso.
Para descobrir a intensidade desta força, basta fazer Fp = 600 N . sen(53°). Se ficar na dúvida se é seno ou coseno, pense fisicamente: Se o angulo fosse 0 (o plano paralelo ao solo) seria Fp = 600 N . sen(0) = 0 ou seja o bloquinho não se mexe[1]. Se fosse 90° (ou queda total) Fp = 600 N.sen(90°) = 600 N ou seja todo o peso pra baixo. Com o cosseno seria o contrário o que não é lógico fisicamente.
Fp = 600 N . sen(53°) = 479 N
A tração da corda equilibra esta força, então ela tem exatos 479 N !
No bloquinho verde o que acontece ? A força peso é Fa que não sabemos ainda quanto vale, porque não sabemos a massa do disgraçado.
Mas sabemos que a componente que puxa ele pra baixo é Fa . sen(37°) ! E sabemos ainda que esta componente é anulada pela tração da corda que já sabemos que é 479 N !
Brabeza total...
Agora é só igualar tudo... Fa . sen(37°) = 479 N --> Fa = 479 N / 0,6018 --> Fa = 795,95 N
Fa = m.g, então m = 79,5 kg !
Óia, nossa previsão tava certa, a massa é maior mesmo !
Este tipo de problema é altamente clássico. Tão classico quanto Led Zeppelin tocando Starways to Heaven ou Elvis Presley cantando Suspicious Mind. Mas também tem pouquissimas variações. Ou as inclinações mudam ou as massas mudam. Mas no final é tudo parecido.
Espero que tenha gostado companheira !
[1] Não se mexe numas, se não tivesse atrito ele poderia estar andando em movimento retilineo uniforme.
Agradeço a poetisamineira ter me enviado o problema, mas confesso que tempo pra resolver anda escasso, por isso se você pensa em me mandar um problema e tem prazo pra entregar, esqueça. Eu vou demorar pra resolver. Mas se não tiver pressa, mande...
Vamos aos problemas:
1)Calcular massa de A para que o sistema permaneça em equilibrio,sendo que massa de B é 60 kg tem-se um plano inclinado(em forma de triangulo escaleno),onde o bloco A esta à esquerda(lado) e o bloco B esta à direita(lado).O lado esquerdo faz um angulo de 37° e o direito de 53° cm a horizontal. Obs:corpos sofrem a força de atrito e a tração já que existe uma corda ligando A ao B.
Desenhar torna as coisas mais faceis, então...
Os triangulos estão em escala, dá pra ver que pela inclinação o bloco A deve ser mais pesado (mais massa) que B. Porque ? Pense se eles tivessem massas iguais, o bloco B puxaria o conjunto para a direita, concorda ? A inclinação de 53° puxaria o conjunto. O mesmo acontece se a massa do bloco A for menor que o Bloco B então nem se fala.
Se o Bloco A for muito, muito, muito mais pesado que B ele é que vai puxar o conjunto pra esquerda. Então a massa critica de B que equilibra o conjunto é maior que B, mas quanto?
Bom, vamos isolar o bloquinho A pra ver as forças atuantes sobre ele:
A Força Peso de 600 N (supondo g=10m.s-2) aponta para baixo, a Força Normal é a reação do piso e tem modulo igual a componente perpendicular ao piso da força peso. A componente da Força peso que puxa o bloco para baixo forma um angulo de 53° (por semelhança de triangulos) com a força peso.
Para descobrir a intensidade desta força, basta fazer Fp = 600 N . sen(53°). Se ficar na dúvida se é seno ou coseno, pense fisicamente: Se o angulo fosse 0 (o plano paralelo ao solo) seria Fp = 600 N . sen(0) = 0 ou seja o bloquinho não se mexe[1]. Se fosse 90° (ou queda total) Fp = 600 N.sen(90°) = 600 N ou seja todo o peso pra baixo. Com o cosseno seria o contrário o que não é lógico fisicamente.
Fp = 600 N . sen(53°) = 479 N
A tração da corda equilibra esta força, então ela tem exatos 479 N !
No bloquinho verde o que acontece ? A força peso é Fa que não sabemos ainda quanto vale, porque não sabemos a massa do disgraçado.
Mas sabemos que a componente que puxa ele pra baixo é Fa . sen(37°) ! E sabemos ainda que esta componente é anulada pela tração da corda que já sabemos que é 479 N !
Brabeza total...
Agora é só igualar tudo... Fa . sen(37°) = 479 N --> Fa = 479 N / 0,6018 --> Fa = 795,95 N
Fa = m.g, então m = 79,5 kg !
Óia, nossa previsão tava certa, a massa é maior mesmo !
Este tipo de problema é altamente clássico. Tão classico quanto Led Zeppelin tocando Starways to Heaven ou Elvis Presley cantando Suspicious Mind. Mas também tem pouquissimas variações. Ou as inclinações mudam ou as massas mudam. Mas no final é tudo parecido.
Espero que tenha gostado companheira !
[1] Não se mexe numas, se não tivesse atrito ele poderia estar andando em movimento retilineo uniforme.
sexta-feira, janeiro 30, 2009
Ainda sobre Telescopios.
Além de bisbilhotar pelo espaço sideral, eu também sou, ou pelo menos tento ser, músico.
Começei tocando violão, depois toquei guitarra, fui pra Gaita e agora toco violão. Gaita muito raramente.
Mas isso tudo não vem muito ao caso. O que eu quero contar é a experiencia de ter um bom instrumento e ter um instrumento feito a mão.
Pois bem. Meu primeiro instrumento foi um violão nacional (não vou declinar o nome). O instrumento era muito ruim. Muito ruim mesmo. Não tinha som, era duro e tinha um defeito na quinta-casa que me fez pegar um vicio para fazer acordes naquela posição que foi dificil perder.
Anos depois, comprei um importado, de uma marca Inborn. Deve ter sido o único fabricado, porque nunca mais vi nenhum destes.
O Inborn era bem melhor. Foi como sair da agua para o vinho. Macio, som limpo, apesar do volume restrito.
Um dia, percebi que se queria tocar de fato, o negócio era comprar um violão de autor, feito por um Luthier. Me recomendaram um Sr. chamado Stival Forti de Limeira. Uma figura, a proposito.
E assim passei a ter um violão de verdade. Depois deste comprei ainda um Eagle que era bonzinho que usava pra viajar ou em aulas e um Strinberg de 12 cordas, duro pra caramba, mas que tinha um som divino.
Mas voltando ao Stival Forti. Qual a diferença entre ter um violão de marca e um de autor ? É mais ou menos como mandar fazer uma casa, ou comprar uma de construtora. As atenções aos detalhes são maiores que numa produção em série, tudo é mais acabado, testado ponto a ponto e tudo mais.
O preço ? É maior, claro, mas se eu tivesse ainda tocando meu Inborn, talvez tivesse trocado por varios outros, enquanto meu Stival Forti vai me acompanhar por toda a vida.
Entendeu a diferença ? Bom, isso não significa que qualquer violão de marca seja ruim e nem que todo violão de autor seja bom. É sempre importante pesquisar o historico do Luthier, experimentar e escolher sabendo o que está fazendo, até porque o investimento é alto.
ISTO POSTO, voltemos a historia dos telescópios. Assim como existem Luthiers, existem construtores de telescópios amadores. Vc mesmo pode construir um em casa se quiser.
No Brasil existe um fera no assunto, o Prof. B. Riedel . E é com esta fera que pretendo construir meu telescópio. Pelas razões que enumerei acima. Detalhes, meu caro, detalhes.
O preço ? Bom, é mais caro que um comercial chines, porém mais barato que um alemão ou americano importado com este dolar maluco.
Mas é metade do preço de meu Notebook que daqui há alguns meses estará super ultrapassado.
Acompanhe aqui as negociações e detalhes.
A proposito, além do violão Stival Forti, tenho também uma guitarra Di Castelli Red Special absolutamente fantastica ! Conto dela um dia
Começei tocando violão, depois toquei guitarra, fui pra Gaita e agora toco violão. Gaita muito raramente.
Mas isso tudo não vem muito ao caso. O que eu quero contar é a experiencia de ter um bom instrumento e ter um instrumento feito a mão.
Pois bem. Meu primeiro instrumento foi um violão nacional (não vou declinar o nome). O instrumento era muito ruim. Muito ruim mesmo. Não tinha som, era duro e tinha um defeito na quinta-casa que me fez pegar um vicio para fazer acordes naquela posição que foi dificil perder.
Anos depois, comprei um importado, de uma marca Inborn. Deve ter sido o único fabricado, porque nunca mais vi nenhum destes.
O Inborn era bem melhor. Foi como sair da agua para o vinho. Macio, som limpo, apesar do volume restrito.
Um dia, percebi que se queria tocar de fato, o negócio era comprar um violão de autor, feito por um Luthier. Me recomendaram um Sr. chamado Stival Forti de Limeira. Uma figura, a proposito.
E assim passei a ter um violão de verdade. Depois deste comprei ainda um Eagle que era bonzinho que usava pra viajar ou em aulas e um Strinberg de 12 cordas, duro pra caramba, mas que tinha um som divino.
Mas voltando ao Stival Forti. Qual a diferença entre ter um violão de marca e um de autor ? É mais ou menos como mandar fazer uma casa, ou comprar uma de construtora. As atenções aos detalhes são maiores que numa produção em série, tudo é mais acabado, testado ponto a ponto e tudo mais.
O preço ? É maior, claro, mas se eu tivesse ainda tocando meu Inborn, talvez tivesse trocado por varios outros, enquanto meu Stival Forti vai me acompanhar por toda a vida.
Entendeu a diferença ? Bom, isso não significa que qualquer violão de marca seja ruim e nem que todo violão de autor seja bom. É sempre importante pesquisar o historico do Luthier, experimentar e escolher sabendo o que está fazendo, até porque o investimento é alto.
ISTO POSTO, voltemos a historia dos telescópios. Assim como existem Luthiers, existem construtores de telescópios amadores. Vc mesmo pode construir um em casa se quiser.
No Brasil existe um fera no assunto, o Prof. B. Riedel . E é com esta fera que pretendo construir meu telescópio. Pelas razões que enumerei acima. Detalhes, meu caro, detalhes.
O preço ? Bom, é mais caro que um comercial chines, porém mais barato que um alemão ou americano importado com este dolar maluco.
Mas é metade do preço de meu Notebook que daqui há alguns meses estará super ultrapassado.
Acompanhe aqui as negociações e detalhes.
A proposito, além do violão Stival Forti, tenho também uma guitarra Di Castelli Red Special absolutamente fantastica ! Conto dela um dia
Assinar:
Postagens (Atom)