Ontem, assistindo ao jornal regional (o telejornal da TV Globo para a nossa região) vi a noticia da morte de um professor que trabalhava a poucos metros de onde trabalho. Um professor de origem alemã e com uma personalidade que me intriga, talvez por ter traços da minha e ser, em sua essencia, uma personalidade que sempre procurei evitar.
Quem conhecia o professor Hans, sabia que fazer uma unica coisa, era pra ele tortura. Sempre atendendo um orientado, um telefone e um celular ao mesmo tempo, seus prazos sempre eram para ontem, os mais otimistas.
Durante uma época tive muito contato com ele, época em que eu fazia manutenção de maquinas e portanto ele era um dos meus clientes VIPs. Sua voz ao telefone - "Samuel, é o Hans, tudo bem ?" era sinal claro de problemas dos grandes. Aliado ao seus prazos sempre justos, ele tinha um conhecimento de hardware e programas muito acima da média e problema com ele era no minimo um problemão. Então, ligação dele, significava no minimo mega-problema pra resolver pra ontem.
Chegamos a ter atritos por conta disso e quando deixei de trabalhar com manutenção, foram poucas as vezes que nos esbarramos. Felizmente destas vezes em situações mais amenas.
Um dia, conversando com amigos - ele estava junto na roda, comentavamos dessa sua necessidade de estar sempre em movimento, como evitando ficar parado e se tornar um alvo facil, se candidatando a todo instante a um enfarte. Disse a ele, se ele tinha medo dos comedores de cabeça, porque eles sabem que quem pensa, pensa melhor parado. Ele, desta vez não respondeu de cara. Pensou um pouco, deu um sorriso e nunca respondeu. Alias um raro sorriso.
Ironicamente aquele jovem professor, pai de dois filhos pequenos, deixou o mundo, na ilha de Fernando de Noronha, talvez um dos lugares mais tranquilos da Terra. De ferias.
Seu ultimo email para mim, foi sobre uma bicicleta que ele trouxe da Alemanha, uma Condor da decada de setenta/oitenta. Uma bela bicicleta de linhas classicas para uso nas cidades. Tipicamente e tranquilamente europeu.
A vida é ironica !
Descanse, caro Hans.
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